quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

SOLIDÃO


Porque há dias em que a solidão não incomoda, antes, conforta...
Ontem foi um desses dias.
Recebi alguns tantos convites para o Natal.
Cheguei a pensar seriamente em aceitar dois.
Mas ambos tinham implicações que eu não queria.
Ontem eu não queria ver famílias contentes comemorando.
Ontem eu não queria correr nenhum tipo de risco...
Os riscos são mesmo inerentes à própria existência. Não há como viver sem correr riscos.
O risco de estar só eu corri ontem.
E não foi tão mal assim.
Há tempos já tinha descoberto que sou boa companhia para mim mesma.
Conforto-me na dose exata. Repreendo-me na medida precisa. Incentivo-me mais do que qualquer um poderia incentivar. Há tempos que sou fã dessa criatura que vive em mim...
Dormi.
Sonhei sonhos inimagináveis.
Recebi torpedos madrugada a dentro.
E novamente descubro que há mais gente que gosta de mim do que eu imaginava.
Sorri.
Dormi de novo.
Sonhei mais um tanto.
Acordei.
Mais outros tantos telefonemas.
E a certeza de que sim, existe vida pós Natal.
E sim, aceitarei os convites de hoje...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sonhos...

Muitas coisas eram para ser e não são.
Por alguma razão nem todos os sonhos são realizados.
Alguns permanecem por longo tempo engavetados, enquanto outros são simplesmente esquecidos num canto qualquer.
Já tive muitos sonhos nessa vida.
Sonhei ser veterinária. Este definitivamente esquecido, não suporto ver a dor estampada no rosto de um ser vivo, não poderia ajudar um animal em sofrimento...
Por esta mesma razão, não cheguei a ter o sonho de ser médica.
Quis ser bailarina.
Cantora.
Sonhei conhecer vários países do mundo. Este sonho está em andamento.
Sonho um dia morar numa praia, este engavetado pela vida, que insiste em correr com suas águas em outra direção...
Sonho com um mundo sem preconceitos, onde o amor seja respeitado.
E entre um sonho e outro vou vivendo.
Construindo o mundo ao meu redor, pintando com delicadas cores a minha existência.
Porque há sonhos que dependem do cuidado diário.
E desses eu cuido muito bem...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

As unhas e as lixas...


Ali, naquela sala de embarque, olhava suas unhas longas, bem cuidadas. Antigamente, costuma usá-las sempre assim. Depois, houve a revolução em sua vida, o amor expandiu-lhe a alma, alargando-lhe os horizontes e as unhas passaram a ser mantidas curtas, o mais curtas que as unhas de uma mulher podem ser.
Agora refletia sobre o poder de transformação que o amor pode ter na vida de uma pessoa. Com o adeus às unhas, despediu-se também da aprovação de parte de sua família e passou a integrar uma minoria, à parte da maioria, tida por normal.
Nunca se preocupou em ser normal, este não seria seu problema agora, contudo, a exclusão incomodava, ainda que apenas manifestada no plano da idéias, na verdade, nunca havia sofrido nenhum tipo de preconceito social.
Olhou mais uma vez para as unhas.
Houve um tempo em que sentia falta delas, achava-as mais lindas compridas, depois foi se acostumando ao novo formato, ao ritual de mantê-las sempre curtas.
Agora, pela primeira vez depois de longos anos, via-se sozinha. Deixara as unhas novamente longas, mas, desta vez, elas lembravam a solidão. Já não as admirava mais tanto quanto antes.
Queria novamente apará-las, lixá-las, esculpi-las ao seu modo para que quase não existissem, para que não intimidassem...
Queria novamente.
E esse querer inebriava.
A chamada do vôo que aguardava a fez sair de seus devaneios, quem sabe algo nesta viagem não a faria passar numa farmácia e comprar uma lixa, novinha em folha???

domingo, 21 de dezembro de 2008

Eu gosto das coisas simples.
Gosto da vida simples.
Quero tudo meu descomplicado.
Mas nem sempre consigo.
Às vezes sofro por pouca coisa,
às vezes aguento golpes duros como se nada fossem.
Hoje tudo o que eu queria era um dia.
Um dia para ver, tocar, cheirar, sentir, estar...
No entanto, esse dia hoje é longínquo.
E eu continuo aqui, com o meu querer.
Continuo aqui.
Pensando em como seria a vida
se tudo pra mim não fosse assim, mais difícil.
A vida mansa não me pertence...
nunca pertenceu!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Delicadeza de sentimentos

É delicado amar.
Poético, doce, encantador.
Mas pode ser doído às vezes.
O amor não é uma coisa fácil que acontece como mágica e se faz sem nenhuma dificuldade.
Antes o amor é um sentimento que nasce frágil e deve ser alimentado com muito carinho, respeito, companheirismo e uma dose de renúncia.
Amar é doar-se.
E num mundo onde todo mundo quer receber, o amor parece estar em extinção.
Aquele sentimento forte, que vence qualquer batalha, parece não existir mais.
Na verdade o amor ainda existe.
O que não existe é disposição para construí-lo.
Vejo pessoas correndo atrás de sensações fáceis, de emoções baratas, de aventuras.
Quando conhecem alguém, são capazes de se apaixonar, mas o amor, cadê?
Não resiste ao primeiro defeito, ao primeiro não, à primeira dificuldade...
Tenho procurado o amor mais dentro de mim do que fora.
Tenho buscado em mim a capacidade de doar-me.
E o que tenho visto é que tenho ainda uma incrível montanha de egoísmo a superar.
Os anos endureceram o meu coração, queria poder dizer que não, mas vejo-me hoje muito mais desconfiada do que aos 15 anos.
Hoje eu faço perguntas, antes de dar a mão.
Hoje eu tenho aquela sensação de que não basta um para construir um grande amor.
É preciso muito mais do que dois.
É preciso a perfeita conjunção de dois sentimentos que lutam contra tudo e contra todos e vencem o mundo, a hipocrisia, o preconceito...e por que não? a distância!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Caminhos da Existência

Nunca gostei do outono, estação em que as folhas caem e as árvores se despem de sua elegância.
Não gosto das folhas amarelas espalhadas pelo chão e nem dos galhos pelados. Não gosto das cores do outono.
Antes, prefiro a primavera, com sua exuberância colorida.
Gosto dos brotos novos que despontam nos galhos, anunciando uma nova folhagem.
Gosto das flores, dos pássaros, dos sons, das promessas de novos sabores.
Gosto do cheiro da primavera.
Mas sei que não há primavera sem outono.
Da mesma forma que sei que não há verão sem inverno.
Assim, passam as estações da minha vida.
Misturando momentos de felicidade e exuberância, com outros não tão felizes.
Feliz sou eu, quando consigo perceber que há algo mais do que aquele dia ruim que me faz sofrer.
Há uma vida que pulsa pelas minha artérias e me diz que tudo o que eu tenho foi construído.
Construí os meus dias, vivendo.
Fiz minha história.
Uma história que começou há muito tempo atrás e segue como um rio, de encontro ao mar.
Rio de correntezas e rodamoinhos.
Rio de águas, quase sempre cristalinas, mas que aqui e ali guardam sim um segredo ou outro.
Porque tenho meus mistérios e gosto de tê-los.
Não é fácil decifrar-me.
Mas é fácil encantar-se por essas águas, navegáveis, amigas, acolhedoras.
Vamos juntos, de encontro ao mar.
Porque juntos, é mais fácil percorrer os caminhos da existência.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Nesse universo paralelo onde as linhas nunca se encontram, desvendo-me.
Sou qualquer coisa que se possa desenhar com palavras.
Construo-me.
Faço de mim esse espaço e nele me esparramo.
Encontro-me.
E também me perco, entre uma frase e outra, para depois me reencontrar num outro texto mais à frente.
Sou assim, uma mulher forte.
Lutadora.
Busco o ar que nos faz viver.
Gosto de caminhar.
Gosto de ir atrás do que eu quero.
Não sou de esperar.
Não sou de reclamar.
Gosto de estar no meio de pessoas, adoro sair com amigos, ver gente.
E gosto também de estar só comigo mesma.
Faço de tudo um pouco.
Mas acima de tudo, escrevo...